sábado, 14 de novembro de 2009

a era moderna

a era moderna é pouco poética
cheia de ruídos artificiais.
as noites tão brilhantes como os dias
os dias tão fechados como as noites.

de uns para os outros trocamos olhares calados,
tímidos, desviados, atravessados por entre
a multidão fervilhante no metro.

folheamos revistas de páginas magras
no consultório do dentista onde
nos esquecemos das dores psicológicas.

rebolamos nas passagens de peões,
zebradas através do asfalto quente,
perigosas à sua maneira muito própria.

rostos vazios detêm-se nas montras
de cores vibrantes em vidas a preto e branco
sem os olhos brilhantes da audrey no sabrina.

'sonha,' pedem os semáforos, piscando,
'sonha por favor, enquanto o vento se lançar
em voos rasantes pelos teus cabelos.'

há muitas coisas que partilhamos
com os nossos antepassados
que ultrapassam o plástico e o aço inoxidável.

os dedos das nossas mãos industriosas
os passos lentos de quem não tem destino
os sonhos escondidos atrás da orelha
e o vento
lançado
em voos rasantes pelos nossos cabelos.

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