quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ampersand



*polyvore, previamente visto em bonjour roquentin

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

menos com menos dá mais

VASCO: Não sei dizer se gosto ou não gosto mas acabo sempre a atirar pedrinhas ao rio. Às vezes são pedregulhos, assim grandes, que fazem um ruído enorme ao serem engolidos e ficam durante séculos a fazer ondas. Mas eu nunca fico a ver as ondas. Atiro mais pedras. É o momento em que as pedras são sugadas que me hipnotiza, o instante em que deixam de existir, de uma forma quase metafórica, embora não queira muito entrar por aí. Sou como uma espécie de incendiário, tenho um amor, uma fixação por ver as coisas desaparecer, tornarem-se insignificantes.
As minhas coisas não fumegam como as do incendiário.
É a única diferença.


STEF: Perco-me muitas vezes nos meus sonhos. Fico muito afeiçoada a coisas que não merecem o meu afecto. Uma afia. Um interruptor de elevador. Recibos do supermecado. Tive um romance vago com uma pulseira de fio que custou 3 escudos ao meu pai em Olhão e que eventualmente se desfez -- chorei tanto que só me faltava fazer-lhe o funeral.
Faz parte de uma sensação que, mais forte do que qualquer outra, me persegue todos os momentos que estou consciente, e me aperta o peito -- a sensação de que tudo, a pouco e pouco, me vai deixar, até permanecer só eu, sozinha nalgo que não é luz nem escuridão, numa espécie de amor por tudo aquilo que perdi e nunca amei.
É por isso que me esforço por amar. Mas não as pessoas.


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a caminho: "menos com menos dá mais", uma curta.