domingo, 25 de abril de 2010

as nossas mãos

a nossa cultura existe
nas nossas mãos
de onde crescem as flores mais belas
e as revoluções mais sangrentas.

a nossa cultura existe
nas nossas mãos,
que colectivas cobrem
os rostos de gerações
ao choverem as bombas e as espadas.

a nossa cultura existe
nas nossas mãos,
que colectivas seguram
nos pincéis das eras.

a nossa cultura existe
nas nossas mãos,
que arranham as paredes da nossa prisão
e seguram os nossos garfos cheios,
os volantes dos nossos camiões
e ficam estendidas no chão [imóveis].

as nossas mãos
estendem-se para se tocarem.
a noite não permitirá
que se aproximem demasiado.

tu sabes que viste
(e lembras nas linhas das palmas)
o céu nocturno a erguer-se em chamas,
em centenas de gerações destruídas.

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