terça-feira, 23 de junho de 2009

carthaginiens, ensis

escrevo-lhe um poema como
consagraria aos deuses
um sacrifício em chamas,
e pelas mesmas razões.

burnbaby obrigada pelo que me dás
burn estrelas pulverizadas
burn nas minhas mãos
burnbaby não me abandones
burn vê o sol como ele sobe
burn entre as garras das nuvens

burnbaby concede-me este único
burnbaby e inquebrável desejo
burn outros virão com a maré
burn amanhã de manhã


bu os cartagineses não escreviam poemas.
rn só as sinfonias de escudo-em-espada-em-escudo
bu nas praias infinitas do mediterrâneo

e

cartago caiu com um
ruído surdo ensurdecedor
das páginas da história
para o chão empoeirado,
os gritos silenciados
levados pelo fumo
até às divindades.

burnbaby they were a-watchin
bvrnbaby the show

eu vi com estes olhos
dançar as espirais de chamas
sobre os telhados em ruínas.

burn nenhum deus levantou
burnbaby um omnipotente dedo.

escrevo-lhe um poema
para que o apazigue
para que o meu mundo
não caia em cinzas brancas
de folha de papel.

Sem comentários:

Enviar um comentário

As vossas palavras às nossas palavras.