segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Für Elise

" ouviria as piores notícias dos seus lábios "

(...)

Deixou que os pés descalços passeassem sozinhos, que os dedos dos pés formassem um romance qualquer com as conchas de que ele nunca iria ouvir falar e que seria escrito pela Sophia de Mello Breyner numa outra vida, quiçá em dois dísticos e uma quadra.

O vento suspirava canções de amor für Elise, as gaivotas soltavam gritos existencialistas que Miguel tentava não ouvir. Enterrou as mãos nos bolsos. Bem fundo, como se enterra no quintal um animal de estimação. Desesperadamente, miseravelmente, com a consciência de que se põe fim a algo.

Miguel queria pôr fim.

(...)

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