encontro a minha pureza nas coisas,
nos lugares onde a escondi há muitos anos.
fico silenciosa nas esquinas dos meus espaços
de olhos vazios e quietos,
o meu nervosismo demonstra-se apenas
nos meus dedos brancos e retorcidos.
encontro a minha inocência em mim,
ao chorar com os pardais que antes do nascer do sol
já andam perdidos entre os candeeiros de rua.
encontro-me nos meus joelhos esfolados
na tijoleira do templo.
junto as mãos e peço
aos deuses que ainda lá estão.
sei que tenho medo quando as minhas mãos tremem.
a emoção não reconheço em mim.
escondi os meus segredos de infância
em caixinhas cujos esconderijos esqueci.
às vezes tropeço nelas ao calha,
encontro música no meu porta-chaves
uma canção na luz entre as folhas
e no cabelo dela, como dança no luar --
-- lembro-me daquilo que sonhei
e afogo-me nisso.
é melhor assim, quando as estrelas
são apenas as recordações que tive
de um dia me recordar de estrelas.
--
gosto mais deste do que as outras pessoas gostam.
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